Reforma tributária e o mercado logístico
- Elos

- 1 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de out. de 2024

A Reforma Tributária deve causar uma grande dança das cadeiras no mercado logístico nacional e pelo menos inicialmente deve aumentar a concentração no eixo São Paulo-Rio.
Isso se dará porque, até o momento, as empresas tomam suas decisões sobre localização de centros de distribuição baseado em por onde entrarão suas importações e tomam decisões de construção de suas fábricas levando em consideração os benefícios fiscais do município em questão.
Com a mudança prestes a ocorrer, o imposto sendo cobrado diretamente na ponta, ou seja, no consumo, essa guerra fria entre municípios e estados para atrair investimentos deixa de existir e a proximidade com o mercado consumidor volta a ser o motivo principal que vai pautar as decisões das empresas.
Mesmo que a previsão de que o novo sistema tributário esteja implementando a partir de 2033, as empresas já começam desde já a levar essa nova realidade em conta em seus projetos de investimentos de médio e longo prazo. Essa mudança tributária deve trazer um senso de urgência às empresas que deverão reavaliar as estratégias logísticas e tributárias, antecipando os impactos econômicos por segmento e mercado.
Essa nova perspectiva de mercado com certeza afetará renovações de aluguéis de galpões visando essa mudança na regra tributária.
Em algumas regiões já pode se notar valores de locação reduzidos devido a perda de vantagens tributárias na próxima década.
Nesse 'novo mercado' a tendência é que o eixo São Paulo- Rio aumente ainda mais seu protagonismo no mercado logístico nacional.
Isso porque a região sudeste apresenta hoje melhor infraestrutura rodoviária para distribuição de produtos e está localizado perto do maior mercado consumidor brasileiro.
Resumindo, as empresas que vinham tomando decisões logísticas juntamente com a visão tributária, depois de a reforma tributária entrar em vigor, onde haverá a implementação de um sistema com tributação neutra, as áreas logísticas voltarão a pensar no negócio focado na experiência do cliente/qualidade de entrega e deixarão de ter um viés tributário para decidir onde se estabelecerão.
Com essa mudança veremos claramente um impacto nas chamadas 'demandas artificiais' por localizações específicas, ou seja, em estados e municípios que vinham atraindo investimentos robustos via renúncia fiscal. Por exemplo, o Estado de Goiás, é muito atrativo para empresas distribuidoras de medicamentos pelo benefício fiscal de ICMS concedido.
Santa Catarina, por sua vez, é um estado muito proeminente na concessão de benefícios portuários. Apesar de a melhor infraestrutura portuária ser a de Santos, atualmente muitas empresas descem o desembaraço aduaneiro para realizar em Santa Catarina devido à redução de imposto.
Por fim, importante citar a cidade mineira de Extrema, que atrai centros de distribuição, com a oferta de redução do ICMS e sua proximidade à capital mais consumidora do Brasil (a cidade está a 111km de São Paulo).
Mesmo que Reforma Tributária ainda mantenha a independência de cada estado e municípios para o estabelecimento das alíquotas de imposto, o cenário de guerra fiscal que se vê hoje no Brasil não deverá se repetir. Isso porque além do fato de a tributação passar a ser no destino com a reforma, não será possível reduzir o imposto para um produto específico, será necessário reduzir de tudo. Se isso acontecer vai afetar toda a arrecadação.
Qual sua visão dessa reforma? Terá um impacto positivo ou negativo no mercado logístico nacional?




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